Estratégias de relacionamento com a imprensa: o que funciona?

Por Poliane Brito

Houve um tempo no Jornalismo em que eram comuns as coletivas de imprensa, os convites para repórteres fazerem viagens para participar de feiras, conhecer indústrias e as idas do assessor de imprensa com um porta-voz às redações. Mas, cada vez mais, as assessorias de imprensa se questionam se esse tipo de atividade para relacionamento com a imprensa é atrativo para o cliente e para as redações.

Eu costumo dizer que diferentemente da Física, área em que as leis são universais, o Jornalismo não é uma ciência exata. Se me perguntam: ainda vale coletiva de imprensa? Eu respondo que depende.

4 questões-chave sobre coletivas e relacionamento com a imprensa

Quando eu penso em ações de relacionamento com a imprensa, especificamente em coletivas, eu devo me fazer 4 perguntas básicas:

1. É imprescindível?

Primeiro que coletiva de imprensa, por definição, deve acontecer quando é preciso disseminar algo muito importante. Reunindo vários veículos ao mesmo tempo, a informação chega até a imprensa e de forma rápida.  Não adianta fazer uma coletiva para comunicar algo que poderia ser feito por e-mail.

2. Há interesse?

Segundo, há interesse da imprensa. Nas capitais, geralmente o volume de informação disponível é muito grande. Então, o jornalista não precisa se deslocar da redação para conseguir uma notícia. Em cidades menores e interioranas, muitas vezes, funciona levar um especialista de outra cidade ou abordar um tema novo que pode render em uma coletiva.

3. Há porta-voz?

Parece algo muito simples, mas existe um porta-voz na organização preparado para atender a todo tipo de veículo (impresso, rádio, TV e internet)? O porta-voz que atende a demandas de rádio pode não ser apto para conceder entrevistas de TV. Ele lida bem com perguntas mais contundentes? Sabe sair de uma saia justa?

4. Há a história toda para a pauta?

Nas redações há cada vez menos jornalistas. O mercado passa por uma reinvenção, veículos impressos estão buscando sustentabilidade no meio digital, revistas estão ficando cada vez menos segmentadas e editorias são extintas. A realidade é que, cada vez mais, a assessoria de imprensa precisa facilitar a vida dos repórteres. Se na coletiva houver um porta-voz e alguns cases que ilustrem uma matéria, maior a chance de os veículos participarem.

E as visitas às redações e viagens?

Na conversa com os jornalistas que estão nos veículos, eu percebo que tempo é algo precioso. Uma visita à redação deve ter um objetivo claro. Seja ele divulgar uma ação de interesse direto do profissional, como um prêmio para trabalhos jornalísticos.  Outra possibilidade é levar um especialista em algum tema e dar uma pauta exclusiva para um determinado veículo.

As viagens para feiras e visitas precisam ser muito bem pensadas e devem ser segmentadas. Cada vez mais temos veículos com editorias específicas e menos profissionais.  É preciso ter algo consistente para que o jornalista se desloque.

Poliane Brito é jornalista, com formação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Já atuou na assessoria de comunicação nos setores público e privado e geriu crises de comunicação no Brasil e América Latina.  Escreve semanalmente sobre comunicação corporativa e outros temas em seu perfil no Linkedin.